Jó foi um personagem do Antigo Testamento. Segundo o livro, Deus apostou com o Diabo que, mesmo perdendo os filhos e a riqueza, Jó não perderia a fé. E ganhou. Daí a expressão “paciência de Jó”.
Daí para a frente é só mistério. Nada indica que Jó tivesse escravos. O mais provável é que a cultura negra tenha se apropriado de sua figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os escravos que faziam o zigue zigue zá seriam os fujões, que corriam em ziguezague para despistar os capitães-do-mato.
O significado de caxangá é ainda mais obscuro. Segundo o Dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de caá-çangá, que significa “mata extensa”. Já para o Dicionário do Folclore Brasileiro é um adereço usado pelas mulheres alagoanas. A palavra também já foi associado aos saquinhos utilizados no contrabando de sementes para as senzalas.
Tudo indica que, de boca em boca, o significado da palavra, ou até mesmo a composição dos versos, tenha sido muito modificado. Isso também explicaria as variações regionais da cantiga. Afinal, deixamos o Zambelê ou o Zé Pereira ficar?
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