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12 março 2009

Os outros (Parte IV)

Sexo selvagem
Mesmo assim, pesquisas recentes indicam que os neandertais não entregaram os pontos tão fácil. Em Gibraltar, na extremidade sul da Espanha, pode ser que a espécie tenha resistido até 24 mil anos atrás. “Eu imagino um cenário mais complexo, de interação entre as duas espécies”, diz o pesquisador Clive Finlayson, do Museu de Gibraltar. Uma indicação disso é que algumas tribos de neandertais começaram a fazer seus próprios colares depois da chegada dos sapiens. Isso indica que os neandertais pelo menos observaram a cultura complexa dos vizinhos e ficaram estimulados a criar sua própria versão dela. “Isso é exatamente o que nós esperaríamos, com base em situações recentes de contato étnico entre povos diferentes”, afirma o arqueólogo Paul Mellars, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Mas é possível que essa interação tenha chegado mais longe, com as duas espécies transando e concebendo bebês híbridos? As várias amostras de DNA já extraídas de neandertais não parecem compatíveis com a de nenhuma pessoa viva hoje, mas isso não necessariamente prova alguma coisa: após milênios de cruzamento, o “sangue” neandertal poderia ter se diluído por completo. Uma análise recente do DNA de humanos modernos, por outro lado, aponta a existência de duas variantes de um gene que regula o tamanho do cérebro durante a fase de crescimento. Uma delas teria surgido há 1,1 milhão de anos, enquanto a outra só teria aparecido 37 mil anos atrás. Os pesquisadores da Universidade de Chicago que conduziram a análise especulam que essa variante – carregada por 70% da população moderna – poderia ter vindo dos neandertais, via sexo.
É nessa possibilidade que acreditam o antropólogo português João Zilhão, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e seu colega americano Erik Trinkaus. “Os dados de Gibraltar só reforçam o fato de que os modernos não eram tão superiores assim”, argumenta Trinkaus. A dupla causou polêmica em 1999 ao publicar uma análise de um esqueleto de criança achado em Portugal, o chamado “menino do Lapedo”, com cerca de 25 mil anos. Segundo eles, a caveira mostra sinais de sangue neandertal, a começar pelo corpo atarracado, e seria o resultado final de um longo processo de mestiçagem entre as duas espécies. Para o resto da comunidade científica, porém, o tal garoto não passa de um sapiens troncudo. Mas Trinkaus ainda bate o pé: em novembro do ano passado publicou outro trabalho, concluindo que sinais de mistura entre sapiens e neandertal aparecem em esqueletos de 33 mil anos, encontrados na Romênia.

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