"Faz hoje 55 anos que o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, nascido em São Borja a 19 de abril de 1883, deu um tiro no próprio peito e saiu da vida para entrar definitivamente na História do Brasil.
É o nosso maior mito político, apontado em pesquisas de opinião pública como o melhor presidente da República que o país já teve.
Foi chefe do governo provisório depois da Revolução de 1930, presidente eleito pela Constituinte em 17 de julho de 1934, e ditador entre 10 de novembro de 1937 e 29 de outubro de 1945 quando foi deposto pelos militares.
Retornou ao poder eleito pelo voto popular em 31 de janeiro de 1951. Para finalmente se matar na no dia 24 de agosto de 1954, escapando de ser deposto outra vez.
Se o marqueteiro Duda Mendonça tivesse idade, engenho, disposição e chance para ter servido à Getúlio naquela época, seu famoso slogan que elegeu Paulo Maluf prefeito de São Paulo (“Foi Maluf quem fez”) se aplicaria com naturalidade ao presidente que escolheu a morte para continuar vivendo na memória coletiva.
Foi Getúlio quem fez a Companhia Siderúrgica Nacional para produzir aço, a Companhia do Vale do Rio Doce para extrair minério, a Petrobrás para explorar petróleo e a Eletrobrás para gerar energia.
Foi Getúlio quem criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Banco do Nordeste para financiarem investimentos públicos e privados.
Foi Getúlio quem deu às mulheres o direito de voto e aos trabalhadores a legislação que ainda hoje disciplina suas relações com os patrões. E foi ele quem abriu as portas da administração pública para a admissão de funcionários por meio de concurso e do sistema de mérito.
Finalmente, foi ele o arquiteto da estrutura política partidária nacional que vigorou no país até o golpe militar de 1964.
De resto, foi Getúlio quem fez o Brasil rural e atrasado de 1930 evoluir mais rapidamente para o Brasil industrial inaugurado, digamos assim, pelo presidente Juscelino Kubitschek no final do seu mandato.
Getúlio fez tudo isso sem levantar a voz, sem dar murros na mesa e negociando à direita e à esquerda – mais à direita. O aparelho de propaganda do Estado fez o resto.
Fez dele “o bom velhinho” e o “pai dos pobres”.
E, valendo-se da censura, escondeu o líder autoritário que governou como ditador durante oito anos, avalizou o emprego da tortura contra seus desafetos políticos e permitiu que a judia Olga Benário Prestes, mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes, fosse deportada para a Alemanha de Hitler e ali morresse.
Olga morreu na câmara de gás de um campo de concentração."
0 mil pitacos!:
Postar um comentário