"Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo…."
[Fernando Pessoa]
"A paixão chegou. Veio de uma forma instantânea e fulminante. É ele. Sim é. Do jeito que eu sempre quis. Sorriso, "olhares, gestos, palavras" que sempre esperei. Tá vendo? Não esperei em vão. Ele está bem aqui na minha frente. Ele existe! É real. Não, não venha me dizer que no início "tudo são flores". O amor é verdadeiro. E recíproco. E eu não estou enganada. Eu não estou sonhando… Amanhã e depois de todos os amanhãs estaremos juntos. Num infinito "para sempre".
Essa semana vi no twitter, alguém dizendo o seguinte: "Mas os relacionamentos não são o problema. O problema é que a gente tende a achar que eles precisam durar pra sempre." Pois é, eu também acho. É exatamente aí que reside o problema.
De repente, encontramos "alguém". Logo em seguida projetamos "um alguém dos nossos sonhos" nele. Alguém que nunca existiu e que possivelmente nunca existirá, a não ser em nossa mente. Depois, por acreditar que "essa pessoa" é "Aquela Pessoa", passamos a achar que a relação vai durar "para sempre"…
E então, os problemas surgem…
Não demora muito e você começa a perceber que a pessoa mudou. Ela já não é mais a mesma. E você fica triste. Acha que o "amor" dela [ou o seu]acabou e percebe que o "para sempre" foi muito rápido.
No entanto eu me pergunto: Por que gostamos tanto de viver nesse "faz de conta", hein? Por que não encaramos, desde o princípio, a realidade?
Não, meu bem, não foi a pessoa que mudou. Ela já era exatamente assim. Desde o princípio. Você é quem projetou "alguém dos sonhos" nela, lembra? Alguém que ela não era. Nunca foi.
Porém, nem sempre nos damos conta disso… O que é certo, é que, quase sempre quem conhecemos, é apenas uma "construção" nossa, ou seja, uma projeção do que queríamos que essa pessoa realmente fosse. Ou então, é apenas uma "pequena parte" do que a própria pessoa disponibilizou, para que conhecêssemos sobre ela num primeiro momento… É como se "o resto" ou "a grande parte" fosse vindo com o tempo… Daí que nem sempre gostamos desse "resto", pois ele difere muito do que imaginamos.
E então, as decepções tornam-se constantes em nossas vidas. Esperamos sempre mais, do que talvez, a pessoa pudesse oferecer. Cobramos dela, como se fosse uma obrigação da mesma, ser alguém que ela não é. Que nunca foi.
Ficamos inconformados. Nos maldizemos. E tudo acaba num doloroso sofrimento, que poderia ter sido evitado se tivéssemos sido apenas realistas, e não sonhadores…
Afinal, quem poderá conhecer e entender plenamente o outro? Digo, no seu íntimo… nas suas "luas diferentes"… nos seus "lundus" esporádicos… nos seus momentos de euforia, nas suas horas de amargura, nos seus desejos mais secretos, nas suas raivas mais intensas, nos seus medos mais idiotas? Quem?
Como saber o que [ou quem] realmente está "ali dentro"? Como saber se o que está aqui fora, não é apenas uma projeção minha?
Ou, se o que está aqui fora, é só o que a outra pessoa me permitiu ver? Tipo, uma ponta de um iceberg?
Às vezes, passamos anos e anos ao lado de alguém, e mesmo assim, nunca chegaremos a conhecê-lo totalmente… Essa é que é a verdade…
Mas…. Será que somente por causa disso, deixaremos de viver a "aventura" que é o amor?
Eu não deixarei. E você?
7 mil pitacos!:
Sou adepta da filosofia de ter histórias pra contar. Q triste chegar na velhice e falar q nunca sofreu por amor!
Não perco a fé no amor nunca...
Um dia vou achar a pessoa q me mereça e vice versa; vai compensar tudo...
Belo texto!
Abçs
Sinceramente Beth,
eu gosto das pessoas que mudam
que estão sempre preparando um surpresa um para o outro,
que não caem no marasmo
marasmo e rotina eh broxante rs
eu curto o imprevissivel
Bjuuus
=D
Seja o que for que você está colocando nessas suas saladas, está te fazendo muito bem: até o estilo literário ficou mais... apaixonante. Eu disse uma vez que você era uma filósofa, mas te digo agora que você está mais pra "Clarice".
Belo texto! [2]
Se um dia eu tivesse um filho, e se fosse me permitido dar apenas um único conselho a ele, que ele jamais fosse esquecer... o conselho seria esse:
Esteja preparado para quando seus sonhos naufragarem, mas esteja mais preparado ainda para quando eles se tornarem reais.
Porque seu pai viu, por duas vezes, um sonho se tornar real, e não estava pronto pra nenhum deles.
Flavia, também adoro ter um monte de histórias pra contar! Por isso, vivo um dia de cada vez, sem projetar muito o que encontrarei a amanhã. Vivo um grande amor hoje, mas consciente de que ele pode ter prazo de validade, ou não. Vai saber, né? Apenas vivo. E o dia de viver é hoje.
Assim como o End, prefiro a imprevisibilidade e detesto a rotina! Uma montanha russa, seria como eu defino minha vida... E daí? Eu gosto dela mesmo assim!
Barros, deve ser culpa da couve-manteiga! Só pode... Li que ela tem muitas vitaminas... E eu deveria estar com um déficit muito grande dessas substâncias no meu corpo...Só pode ser!!! rsrsrrs...
Obrigada pelos comentários!
Eita: esqueci de responder à pergunta do texto.
Não, não deixo também, não, de viver a aventura do amor. Nem que eu me estrepe no fim.
Esses dias que eu vivo hoje são únicos. Quando eu for bem velho, se não tiver um sem-número de lembranças deles, pra contar, pra reviver, relembrar, esses dias não significarão nada. Só serão números alinhados em calendários antigos. Talvez a arte de viver consista em transformar datas presentes em lembranças futuras.
Bethhhhhhhh...... Saudades daqui.
Demorei um pouquinho, anda meio sem noção, bem chata mesmo, mas to viva, rsrs
Menina adorei o texto, e concordo com tudo.
Acredito que amor verdadeiro tem sempre seus altos e baixo, entorta se curva mas não se rompe... assim estou vivendo o meu, sem deixar cair no marasmo, rotina, essas coisas assim.
Bjos
Que bom ter vc de volta, Mari!!!
Esatava com saudades! E não me importo se vc está chata ou anda sem noção!!! rsrsrs...
Postar um comentário