“Se eu tivesse morrido aos 63 anos antes de lhe ter conhecido, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora”.
É assim, a partir de uma bela declaração de amor de José Saramago à esposa Pilar Del Río, que o diretor português Miguel Gonçalves Mendes inicia o filme 'José & Pilar', documentário inédito com data de estreia prevista para novembro no Brasil.
O filme, que levou três anos de filmagem, é um retrato íntimo do escritor [que morreu hoje, aos 87 anos] ao lado da jornalista espanhola, 28 anos mais jovem. Os dois se conheceram em 1987 e, segundo Mendes, completavam-se. “Ela lhe deu uma segunda vida. Ela é lutadora, vive a batalha de mudar o mundo, enquanto ele era português: melancólico, sereno... Uma combinação perfeita”, resume o cineasta.
Mendes explica que o “José e Pilar” também relata a origem pobre de Saramago até os anos mais recentes, de agenda atribulada. “Sua saúde estava muito debilitada na época das filmagens. Eu mesmo não imaginava que conseguisse terminar o livro. Ele não só o fez como escreveu outro, ‘Caim’, o que só mostrava a sua força”, explica.
Durante a entrevista, Mendes teve dificuldades para falar sobre o escritor. Comentou que, apesar de Portugal estar em luto, Saramago foi muito injustiçado em seu país ao ser chamado de ateu e comunista.
"Algumas pessoas dizem que José era um incendiário. Mas Saramago não era incendiário, era simplesmente lúcido! E tentou, dentro do possível, melhorar o mundo através do impacto que as suas opiniões podiam ter naqueles que as ouvissem. Ao contrário da arrogância que algumas pessoas afirmavam, ele era de uma doçura e simpatia incríveis. Para não falar no seu sentido de humor, que era brilhante. Mas, como dizia, ele não tinha culpa da cara que tinha”.
Autor e personagem principal de uma belíssima história de amor, ele venceu preconceitos e derrubou paradigmas. Saramago morreu hoje, mas deixou junto com o seu nome, um legado literário incrível e incomparável...
Assista abaixo, o trailler do documentário (em inglês):
Fonte: G1
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