A evolução seria um fenômeno circunscrito à vida na Terra ou algo universal, como as leis da física? O físico Lee Smolin, do Perimeter Institute, no Canadá, fica com a opção número 2.
Smolin mandou as regras de Darwin para o espaço. Literalmente: criou uma teoria que aplica a seleção natural ao Universo inteiro. E foi além. Para ele (e outros físicos), nosso Universo é só mais um entre bilhões e bilhões. Todos juntos num Cosmos imensurável que podemos chamar de Multiverso. Nesse cenário, os universos são os indivíduos, os replicadores. Cada um lutando para fazer mais e mais cópias de si mesmo.
Bom, este Universo aqui começou quando toda matéria, tempo e espaço que conhecemos estavam espremidos em algo infinitamente pequeno. Esse pontinho explodiu no “dia” do big-bang, há 13,7 bilhões de anos, e agora estamos aqui. Mas tem uma coisa: existem alguns lugares no Universo em que tudo também está espremido desse jeito agora mesmo. São os buracos negros, que sugam tudo o que está à volta deles, inclusive tempo e espaço. Por isso, Smolin imagina que dentro de cada buraco negro há um big-bang acontecendo. E os buracos seriam como “gametas” cósmicos: dariam à luz novos universos, parecidos com o “pai”. Então Smolin considera que as “espécies” mais bem-sucedidas no Multiverso são justamente as que produzem mais buracos negros – a “prole” delas vai ser seguramente maior.
Lembre-se que buracos negros são estrelas mortas. E daí? Daí que, quanto maior for o número de estrelas, maior vai ser o de “gametas”. Mais: as nuvens de matéria onde as estrelas nascem precisam ser bem frias. Bom, e sabe que tipo de coisa é o que há de melhor para esfriar essas nuvens cósmicas? Moléculas de carbono. Elas mesmas, as que deram o pontapé inicial na vida por aqui. Quanto mais delas houver por aí, mais “filhos” um Universo vai gerar. E nós, os descendentes dessas moléculas, seríamos um mero subproduto da verdadeira seleção natural, a do Cosmos. Parece desolador, mas, se for isso mesmo, podemos nos orgulhar de saber que as leis de Darwin governam tudo isso.
Ou até mais do que isso. Baruch Spinoza, um filósofo holandês do século 17, defendia que Deus e Universo são apenas dois nomes para uma coisa só; que o Criador não é exatamente um criador, mas a grande regra que move o Cosmos. Se você gosta desse ponto de vista (Albert Einstein gostava) pode dizer tranqüilamente: Charles Darwin não matou Deus. Só descobriu onde ele estava.
0 mil pitacos!:
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