O último erectus
Na mesma época em que viveram esses supostos híbridos, o velho Homo erectus dava seus últimos suspiros na ilha de Java, Indonésia. Seus problemas tinham começado 600 mil anos antes, quando eles passaram a enfrentar a concorrência de um ser mais avançado, o Homo heidelbergensis. Esse hominídeo, que, por sinal, tinha descendido do próprio erectus, fez com ele a mesma coisa que nós fizemos com os neandertais: destruiu suas chances de sobrevivência. “Por isso mesmo o último refúgio deles foi uma ilha, já que num lugar desses você tem muito menos competição com outros hominídeos do que no continente”, afirma Walter Neves.Apesar de esperto, o heidelbergensis não foi muito longe: acabou extinto bem antes do último erectus, há uns 200 mil anos. Só que antes de ir dessa para melhor ele já tinha feito um bom trabalho. Primeiro, se espalhou por boa parte do mundo. Depois, deixou dois descendentes bem peculiares.
Na Europa, onde parte deles foi parar há 500 mil anos, seu corpo foi se adaptando ao frio devagarinho, até ficar bem resistente e com um cérebro superdesenvolvido. No fim das contas, esses caras ficaram tão diferentes que até mudaram de nome. Viraram os neandertais. Já os heidelbergensis que preferiram ficar em sua terra natal, a África, se transformaram em outra coisa: um ser de imaginação fértil, capaz de transformar delírios em realidade. Um bicho que costumamos chamar de “nós”.
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