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26 agosto 2010

Um Pai para Chamar de “Meu”…

Eu tinha apenas 3 anos e meio, quando meus pais separaram-se. Eu nem havia me acostumado com a vida que eu tinha, e já fui tendo que me acostumar com outra: em outro estado, em outra casa, com outras pessoas, com outra “fala”, e sem o meu pai, que ficou no RJ. Minha mãe, corajosa que só ela, veio comigo e com meus 2 irmãos, de “mala e cuia” aqui para o RN. Se eu sabia o que se passava? Não. De modo algum. Nessa época eu só sabia cantar as músicas do Balão Mágico…

pai e filha

Desde então, “meus encontros” com o meu pai ficaram difíceis e dispersos por causa da distância. Um ano depois da separação deles, voltei ao RJ. Uma tia me levou.

Após isso, só voltei a vê-lo 6 anos depois, quando ele veio aqui nos visitar. Minha “cabeça de criança” ainda esperava uma reconciliação entre os dois “turrões”, mas, passados os dias, nada aconteceu… Ele se foi novamente.

Aos 16 anos voltei ao RJ. Fui passar o mês das férias lá, com ele. Lembro de ter sido esse, o último momento em que me entendi com meu pai. Depois disso, já com algumas “opiniões formadas”, mas ainda com várias ideias soltas na cabeça, comecei a “bater de frente” com ele. E tudo porque ele queria ter uma filha que eu não era… E nem poderia ter sido, diante de todas as circunstâncias vivenciadas por mim desde criança…

Na “cabecinha paterna” que ele carrega acima do pescoço, eu nunca deixei de ser aquela menininha, que aos 3 anos de idade, sentava no colo do pai, e o enchia de beijos e abraços. A distância e o tempo, me fizeram ser uma “filha” praticamente desconhecida, com demonstrações de afeto que não passavam de um abraço “sem graça”… Ele não aceitava que sua única filha não o tratasse como “ele desejava”, ou como as filhas geralmente tratam os pais. Muita coisa contribuiu para esse distanciamento entre nós, e a “distância física” foi apenas uma delas.

Em 2001, ele tentou vir morar aqui. Me encontrou “casada” e mãe de uma filha. A primeira neta dele. Esse, talvez tenha sido, o pior dos nossos encontros… Dessa vez, por causa das mesmas cobranças e de algumas intransigências por parte dele, quase cortamos relações. E, nos distanciamos ainda mais… Um ano depois, ele voltou para o RJ.

A última vez que eu o vi, foi no ano passado. De uma certa forma, “reatamos”. Ele havia mudado muito. Menos cobranças, mais respeito e mais entendimento da situação. Finalmente, percebi que aos 68 anos de idade, meu pai havia amadurecido. Ficamos bem. E achei que seria assim pra sempre…

Mas não foi. Atualmente estamos meio que “emburrados” um com o outro. Não aceito que ele seja tão teimoso, a ponto de achar que pode ficar sozinho por muito mais tempo…Quis, juntamente com meus irmãos, que ele viesse morar aqui conosco. Só assim poderíamos “cuidar” dele. Se ele quis? Nada! Apenas cogitou e nos deu uma “pitada” de esperança. É que ele ainda se acha “um menino”, mesmo depois de ter sofrido dois enfartes…

Pensei que, após 26 anos, finalmente eu iria ter “um pai pra chamar de meu”, aqui perto de mim. Mesmo o pior já tendo passado… Lembro o quanto eu sofria quando chegava o dia dos pais na escola, e eu era “praticamente” obrigada a fazer aquelas “lembrancinhas” pra entregar a “ninguém”… (Chorava e tudo! rsrs.. #issoétriste).

Queria muito tê-lo por perto. Nem sei qual é a sensação de ter um pai “presente”. Tinha esperança de aprender agora…

 

 

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